O termo “Páscoa” sempre me deixou algo intrigado: sendo considerada talvez a grande celebração do cristianismo,tem origem com os judeus; além disso, a sua relação com os rituais e sacrifícios judaicos é forte; no entanto, as referências bíblicas são muitas.
Esta mensagem é o resultado do estudo e investigação (sem pré-conceitos) do assunto.
1. O significado da palavra
O significado estrito de “Páscoa” é passagem, passar adiante, saltar como “dia sim e dia não”; a semelhança fonética é mera coincidência.
É simples compreender este significado à luz da sua primeira utilização (Êxodo 12.5-11): um cordeiro perfeito seria escolhido e quatro dias depois sacrificado; seria assado e comido apressadamente, não antes de o seu sangue ser usado para cobrir o topo e laterais das portas das casas dos israelitas. Assim, quando o anjo passasse para tomar a vida dos primogénitos (10ª praga), passava adiante [saltaria as casas]. As famílias eram guardadas pelo sangue.
2. Utilizações da palavra
O cristão e académico James Strong (séc. XIX) criou um índice da Bíblia (números strong) permitindo localizar todas as vezes que uma palavra (na língua original) é referida na Bíblia.
A palavra aplicada referindo-se a quatro situações:
- A refeição (Êxodo 12.11 “este é a páscoa do Senhor”)
- Jesus falou “desejei comer a Páscoa” (Lucas 22.15)
- O dia do calendário (Levítico 23.5)
- O dia 14 do primeiro mês;
- A festa (Êxodo 34.25)
- Os vários dias, responsabilidades e celebrações;
- Os sacrifícios (Êxodo 12.21)
- Rituais de sacrifícios dos cordeiros;
3. Herança judaica
A celebração da Páscoa é marcadamente judaicas: primeiramente comunicada a eles, adicionada ao seu calendário social e religioso e vedada a estrangeiros (Êxodo 12.45)
A Páscoa é uma herança judaica tão forte e evidente, que João refere a ela três vezes como “Páscoa dos judeus” (João 2.13, 6.4 e 11.55)
O termo surge 74 vezes na Bíblia (47 no Velho Testamento e 27 no Novo Testamento); das 27 vezes no Novo Testamento, 24 são nos Evangelhos em contexto judaico.
Das restantes 3 vezes:
1. Actos 12.4 – refere-se ao dia do calendário judaico,
2. Hebreus 11.28 – reporta-se ao sucedido no Antigo Testamento;
3. 1 Coríntios 5.7 – a única passagem sem envolvimento marcadamente judaico e, além disso, a única presente no ensino do apóstolo dos gentios e da Graça.
Desde o primeiro século a Páscoa passou a ser relacionada com a ressurreição de Cristo por coincidência de datas e deve ficar interiorizada na nossa mente e coração por causa de 1 Coríntios 5.7.
4. A nossa Páscoa: Jesus Cristo
Sem grande justificação, Paulo declara que a Páscoa dos Cristãos é Cristo; esta é a quinta utilização do conceito e a sua interpretação final – a elevação/actualização do conceito de Páscoa.
Cristo é a nossa passagem; é por Ele que a mão pesada e justa de Deus passa por cima dos cristãos; e por causa da fé em Jesus Cristo que os nossos pecados não nos são atribuídos; é por causa de Cristo, a nossa Páscoa que somos uma nova “massa”/criatura e estamos em paz com Deus (Romanos 5.1).
Lembrando João Baptista, Jesus Cristo é o cordeiro, “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29).
Parafraseando Pedro (1 Pedro 1.18-19) “não é o material que nos liberta de uma forma de vida condenada, mas o precioso sangue de Cristo, como um cordeiro perfeito”.
O sacrifício que Deus aceita é o Dele; não o meu, ou o teu. Se os nossos servissem, Cristo não teria padecido e a Bíblia seria bem menor….
O nosso dia especial e a nossa festa são Cristo. Paulo repetia “dou graças a Deus por Jesus Cristo” e vincava “longe de mim gloriar-me, em algo além da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6.14)
No livro que encerra a Bíblia lemos ainda: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, riquezas, sabedoria e força, honra, glória e acções de graças” (Apocalipse 5.12) – a consequência do relato bíblico é “Glória a Deus por Jesus Cristo”.
5. Conclusão
Estudando a Páscoa ao longo dos séculos e a Bíblia de ponta a ponta, o resumo/cerne/foco/inspiração é Jesus Cristo. Jesus Cristo é a nossa Páscoa!
Reforçado por Romanos 10.4, “o fim/propósito/alvo da lei é Cristo” e com um objectivo claro – a salvação de quem CRÊ NELE.
Tal como a Páscoa é entendida/apresentada como: refeição, dia, festa ou sacrifício.
Jesus Cristo tal como a refeição Pascal deve ser usufruído – a sua salvação, ânimo, paz, esperança e sacrifício.
Tal como o dia de Páscoa, deve ser assinalado – Cristo é incontornável; não o ignores; dá-lhe atenção, não queiras a “História de Jesus para pessoas apressadas”…
Como a festa da Páscoa,deve ser celebrado – Não só não ter vergonha, mas há um sentimento profundo de satisfação e orgulho por sermos de Cristo.
E tal como os sacrifícios pascais, deve ser reconhecido/valorizado, crido e respeitado.
Jesus Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.
Romanos 4.25 – “por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa salvação/justificação”